quinta-feira, 2 de abril de 2009
Malleus Maleficarum - O Martelo das Bruxas
O Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas em latim), é provavelmente o tratado mais importante já publicado no contexto sobre a perseguição as bruxas. É um livro sobre a caça as bruxas que logo depois de ser publicado na Alemanha em 1486, teve várias outras edições, se espalhou pela Europa e teve um profundo impacto nos juízos contra as bruxas no continente por cerca de 200 anos. Esta obra é notória pelo seu uso no período de combate a bruxaria que alcançou sua máxima expressão em meados do século XVI até metade do século XVII.
O Malleus Malleficarum foi compilado e escrito por dois monges inquisidores dominicanos, Heinrich Kramer e Jacob Sprenger, os quais afirmaram no livro que lhes havia sido outorgados direitos especiais para processar as bruxas na Alemanha pelo Papa Inocêncio VIII, por meio de um decreto papal em 5 de dezembro de 1484; porém este decreto foi emitido antes que o livro fosse escrito e antes que seus planejados métodos fossem conhecidos.
Kramer e Sprenger apresentaram o livro a faculdade de Teologia da Universidade de Colônia em 9 de maio de 1487, esperando que o mesmo fosse aprovado. Mas o clero da universidade o condenou, declarando-o ilegal e antiético. Kramer no entanto, incluiu uma falsa nota de apoio da universidade em edições posteriores do livro. O ano de 1487 é geralmente aceito como o ano da publicação, ainda que edições anteriores da obra foram provavelmente produzidas em 1485 ou 1486. A igreja então qualificou e incluiu o Malleus Malleficarum na Lista de Obras Proibidas (Index Librorum Prohibitorum). Apesar disso, entre os anos de 1487 e 1520 a obra foi publicada 13 vezes. Depois de 54 anos foi novamente publicada ente 1574 e a edição de Lyon de 1669, num total de 16 publicações.
A suposta aprovação que aparece no inicio do livro contribuiu para sua popularidade, dando a ilusão de que lhe havia sido outorgado um respaldo garantido.
O texto chegou a ser tão popular que vendeu mais cópias que qualquer outro além da bíblia. Sendo ultrapassado pelo “O Progresso do Peregrino” de John Bunyan, que foi publicado em 1678.
Conteúdo:
O livro está dividido em três sessões, cada uma das quais contém perguntas específicas e se propõe respondê-las através de argumentos contrários. Há pouco material original no livro, pois na verdade foi usado uma compilação de crenças e práticas já existentes com muitas partes tomadas de obras anteriores tal como Directorium Inquisitorium (1376) de Nicolau Aymerich, ou Formicarius (1435) de Johannes Nider.
A primeira parte busca provar que a bruxaria e feitiçaria existiam. Detalha como o demônio e seus seguidores, bruxas e feiticeiros utilizam-se da magia.
Parte desta sessão explica como por que as mulheres, por sua suposta natureza mais débil e intelecto inferior são por natureza mais propensas as tentações de Satã do que os homens. Tanto que os escritores declaram (incorretamente) que a palavra “femina” (mulher), é uma derivação de “fé + minus”, sem fé (ou infiel, ou desleal).
A segunda parte do livro descreve as formas de bruxaria. Esta sessão detalha como as bruxas lançam feitiços, e como suas ações podem ser prevenidas ou remediadas. Uma forte ênfase se dá ao pacto com o diabo e a existência de bruxas e a existência de bruxas é apresentada como um fato. Muitas das informações do livro de feitiços, pactos, sacrifícios ao diabo foram obtidos (supostamente) de juizes inquisidores.
A terceira parte detalha os métodos para detectar, julgar e sentenciar ou destruir bruxas. A tortura na detenção de bruxas é vista como algo natural; se o bruxo ou bruxa não confessava voluntariamente sua culpa, a tortura era aplicada como um incentivo para que o fizesse. Os juizes eram instruídos a enganar o acusado se necessários, prometendo-o misericórdia pela confissão.
Esta sessão também fala da confiança que se pode pôr nos relatos das testemunhas e a necessidade de eliminar acusações maliciosas, mas também sustém que o rumor público era suficiente para levar a pessoa a juízo e que uma defesa muito vigorosa é evidência de que o defensor está utilizando-se de bruxaria. Há também regras a respeitos de como prevenir que as autoridades sejam enfeitiçadas.
De uma maneira geral, o Malleus Maleficarum declara que algumas coisas confessadas por bruxas, tais como transformações em animais, eram meras ilusões induzidas pelo demônio, enquanto outros atos, como voar, por exemplo, causar tempestades e destruir plantações, eram reais. O livro fala detalhadamente sobre todos os atos cometidos pelas bruxas, sua habilidade de criar impotência nos homens, e inclusive deixar a dúvida sobre se os demônios poderiam ser ao pais dos filhos das bruxas. O estilo narrativo é sério, completamente isento de humor, inclusive os fatos mais duvidosos são apresentados como informação confiável.
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