quinta-feira, 2 de abril de 2009

I-Ching, O Livro das Mutações


Com uma história de cerca de 3.000 anos, o I Ching - o Livro das Mutações - é seguramente um dos livros mais antigos da Humanidade. Usado tanto como oráculo ou como objeto de estudo, o I Ching conserva a essência de uma sabedoria que enriquece todos aqueles que se aventuram por suas páginas, oferecendo surpreendentes e precisas respostas a questões existenciais de todos os tipos. Em ambas as situações, ele oferece um caminho de interpretação e de conduta perante a vida, calcada na concepção chinesa de imutabilidade da mudança.

O principal atributo do I Ching é nos ajudar a lidar com as constantes mudanças que ocorrem em nossas vidas. Por sua impressionante habilidade para apontar a essência das situações, muitas pessoas o adotam quando estão diante de momentos importantes, que implicam decisões. É mais ou menos como ter um grande amigo íntimo, sempre pronto a escutar nossos problemas e a nos dar conselhos.


O I Ching surgiu antes da dinastia Chou (1150-249 a.C.) e era um conjunto de oito Kua, figuras formadas por três e seis linhas sobrepostas. James Legge, na tradução para o inglês (1882), chamou de trigrama o conjunto de três linhas e hexagrama o de seis, para distingui-los entre si.

A origem dos 64 hexagramas é atribuída a Fu Hsi, o criador mítico chinês, e até a dinastia Chou eles formavam o I. Os oito trigramas têm nomes não encontrados em chinês, a origem é pré-literária.

O tempo obscureceu a compreensão das linhas, e no começo da dinastia Chou surgiram dois anexos: o Julgamento, atribuído pela tradição ao rei Wên, e as Linhas, atribuídas a seu filho, o duque de Chou, ambos fundadores desta dinastia.

Mais tarde, mesmo o significado destes textos começou a ficar obscuro, e no século VI a.C. foram acrescentadas as Dez Asas, que a tradição atribui a Confúcio, embora seja claro que a maioria delas não pode ser de sua autoria. O nome "I Ching" é dado ao conjunto dos Kua e todos os textos posteriores.


As oito figuras que formam o I Ching estão na base da cultura que se desenvolveu na China durante milênios. Para os chineses a ordem do mundo depende de se dar o nome correto às coisas, portanto o significado de "I" sempre foi objeto de discussão. Alguns vêem o ideograma I como semelhante ao desenho de um camaleão, representando o movimento (como o lagarto) e a mutação (como o mimetismo do camaleão). Outros afirmam que o ideograma é formado pelo do Sol em cima e o da Lua embaixo, a mutação sendo simbolizada pelo movimento incessante destes astros no céu. Para o pensameno chinês, não há o que mude, há apenas o mudar. A mutação seria o caráter mesmo do mundo. Mas a mutação é, em si mesma, invariável, ela sempre existe. Portanto, "I" significa mutação e não-mutação. Subjaz, à complexidade do universo, uma 'simplicidade' que consiste nos princípios que estão por trás de todos os ciclos. Ao fluir com as circunstâncias se evita o atrito e portanto a resistência: esse é o caminho do homem sábio.

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