quinta-feira, 1 de setembro de 2011

São Lúcifer

   Lúcifer de Cagliari ou Lúcifer Calatariano foi um Obsipo de Cagliari, na Sardenha, Itália. Viveu entre os princípios do século IV até por volta do ano 370 d.C. 

   Sua primeira aparição na história eclesiástica foi em 354 d.C. quando foi enviado pelo Papa Libério para solicitar ao imperador Constancio II para que o mesmo convocasse um concílio para tratar das acusações contra São Atanasio e sua prévia condenação. Este concílio foi realizado em Milão. Lúcifer defendeu ao Obispo de Alexandria (São Atanasio) com tanta paixão e em um tom de voz violento, que deu aos adversários do grande alexandrino um pretexto para o ressentimento e mais violência e assim causando uma nova condenação a Atanasio. Constâncio II, pouco acostumado à independencia dos Obispos maltratou ferozmente Lucifer e seu colega Eusébio de Vercelli. Lucifer foi então enviado exilado para a Siria e depois para a Palestina.

   Enquanto estava no exilio Lucifer escreveu uma carta intitulada "Ad Constantium Augustum pro sancto Athanasio libri", uma eloquente defesa da igreja ortodoxa, mas com uma linguagem tão exagerada que passou dos limites e do propósito ao qual deveria servir.

   Após a morte de Constâncio II em 361 d.C., Juliano o Apóstata permitiu a todos os exilados que voltassem às suas cidades. Lucifer foi então à Antióquia e de imediato se informou das divergências que dividiam o partido católico. Ele então se opôs ao obispo Melécio de Antióquia que passou a aceitar o Credo de Nicéia. Embora Melécio tivesse o apoio de muitos proponentes da teologia de Niceia em Antioquia, Lúcifer apoiou o partido Eustatiano, que tinha se mantido firme no credo de Niceia, e prolongou assim o cisma entre os melecianos e os eustatianos ao consagrar, sem licença prévia, um certo Paulino como bispo. Feito isso, ele retornou à Cagliari onde, formou uma pequena seita chamada "Os Luciferianos". 

   Esta seita pregava que todos os sacedotes que perteciam ao arianismo deveriam ser privados de sua dignidade, e que deviam ser excomungados os obispos que reconheciam os direitos dos hereges arrependidos. Ao encontrarem forte oposição, os luciferianos delegaram dois sacerdotes; Marcelino e Faustino, para apresentar uma petição, conhecida como "Libellus precum", ao imperador Teodosio, explicando suas queixas e reclamando proteção. O imperador então proibiu que os perseguissem. 

   Após morte de Lucifer, os luciferianos foram liderados pelo seu principal discípulo, São Gregório de Elvira.


LUCIFER COMO SANTO

   Uma capela na Catedral de Cagliari é dedicada à São Lucifer. Mas seu status como santo é tema de controvérsias.

   Jonh Henry cita em seu livro "Dictionary of Sects, Heresies, Ecclesiastical Parties, and Schools of Religious Thought":

   "A igreja de Cagliari celebrou a festa de um São Lúcifer em 20 de maio. Dois arcebispos da Sardenha escreveram contra e à favor da santidade de Lúcifer. A congregação da Inquisição impôs silêncio em ambas as partes e decretou que a veneração de Lúcifer deveria permanecer como está. Os Bolandistas defenderam este decreto da congregação... alegando que o Lúcifer em questão não é o autor do cisma, mas outro que teria sofrido martírio na perseguição dos vândalos"
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